quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Eritreia e Etiopia

Capítulo Completo: O Corredor de Assab

1. Feridas da Guerra


Entre 1998 e 2000, Eritreia e Etiópia travaram uma guerra sangrenta por uma estreita faixa de terra no leste africano, especialmente na cidade fronteiriça de Badme. Mais de 80 mil pessoas morreram em combates que, para muitos no exterior, pareciam desproporcionais diante da aridez da região disputada.


Mas a disputa ia muito além do território: a independência da Eritreia em 1993 havia deixado a Etiópia sem acesso direto ao mar, forçando o país a depender de portos de nações vizinhas.


Apesar do Acordo de Argel (2000) e de um degelo temporário em 2018, a desconfiança continuava. As fronteiras abriam e fechavam como uma porta emperrada.


2. O Desafio de 2030


Em 2030, uma seca severa atingiu o Chifre da África. A necessidade de corredores logísticos para alimentos e ajuda humanitária pressionou Adis Abeba e Asmara a retomarem negociações.


O mediador-chefe da União Africana, o queniano Ambrose Kibet, propôs um acordo ousado:


Corredor de Assab – um porto eritreu sob regime de uso conjunto, administrado por uma autoridade binacional.


Troca de Territórios – reconhecimento formal de Badme como parte da Eritreia, em troca de garantias de acesso etíope ao Mar Vermelho.


Zonas de Cooperação Econômica – áreas industriais e comerciais livres de tarifas nas regiões fronteiriças.


Força de Paz Regional – contingentes mistos e observadores africanos para evitar incidentes.


3. Resistência e Manobras Políticas


O presidente eritreu Isaias Ghebreyohannes enfrentou resistência interna de militares que viam o corredor como “ceder soberania”. Já o primeiro-ministro etíope Abel Mekonnen foi acusado por opositores de “vender o futuro” ao não buscar a posse formal de Assab.


O impasse só foi quebrado quando uma aliança de líderes comunitários, empresários e organizações religiosas defendeu publicamente que a cooperação era “a única forma de transformar o Chifre da África em um polo comercial e não em um campo de batalha”.


4. O Pacto do Mar Vermelho


Em julho de 2032, após três meses de reuniões secretas na cidade de Dire Dawa, foi assinado o Pacto do Mar Vermelho:


Administração conjunta de Assab, com bandeiras de ambos os países hasteadas no porto.


Livre trânsito de navios etíopes no Mar Vermelho e acesso a rotas internacionais sem taxas adicionais.


Investimentos em infraestrutura, financiados por bancos africanos e parceiros internacionais.


Comissão Permanente da Fronteira, para resolver disputas antes que escalassem.


Na cerimônia, Ghebreyohannes declarou:

– “Hoje não abrimos apenas um porto, abrimos um horizonte.”


Mekonnen respondeu:

– “A Etiópia volta ao mar, e a Eritreia navega para o futuro.”


5. Um Novo Centro de Comércio


Em cinco anos:


Assab tornou-se um porto moderno, movimentando grãos, café, ouro e produtos manufaturados.


Comunidades fronteiriças prosperaram com o comércio e o turismo histórico.


A presença militar na fronteira caiu 70%, substituída por postos alfandegários conjuntos.


O Pacto do Mar Vermelho consolidou a paz e deu ao Chifre da África uma nova imagem: não mais a de guerras intermináveis, mas a de uma encruzilhada de comércio e integração.

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