quinta-feira, 14 de agosto de 2025

SAara Ocidental

 

Capítulo Completo: O Deserto que Escolheu a Liberdade

1. Uma Disputa que Cruzou Gerações

Em 2085, a questão do Saara Ocidental permanecia como uma das disputas territoriais mais longas do mundo. Desde meados da década de 1970, o território era reivindicado pelo Marrocos, que o administrava em grande parte, e pelo Frente Polisário, movimento que defendia a independência do povo saharaui.

O Muro de Areia – uma linha fortificada com milhares de quilômetros de extensão – dividia o território entre a zona controlada por Marrocos e a área sob influência do Polisário. A ONU mediava negociações há décadas, sem avanços substanciais.

O rei marroquino, Hassan V, discutia com seu Conselho de Estado:

– “Nossa integridade territorial é inegociável, mas a pressão internacional cresce. O que podemos oferecer sem comprometer nossa soberania?”

Do outro lado, em Tindouf, o secretário-geral do Polisário, Amin Bouazza, reunia líderes tribais:

– “O povo saharaui nasceu livre e merece decidir seu próprio destino. Mas a independência só virá se soubermos negociar com inteligência e paciência.”


2. A Virada Diplomática

A oportunidade surgiu quando a União Africana, a Liga Árabe e a União Europeia se uniram numa mediação inédita. A proposta colocava três pontos centrais:

  1. Referendo de Autodeterminação supervisionado pela ONU.

  2. Garantias de segurança e desmilitarização parcial para ambas as partes.

  3. Plano de transição econômica com financiamento internacional para desenvolvimento do território, independente do resultado do referendo.

Durante uma reunião em Lisboa, Hassan V falou aos mediadores:

– “Podemos aceitar o referendo, mas ele deve garantir que a escolha seja livre de manipulação externa e que os interesses do Marrocos sejam respeitados.”

Bouazza respondeu:

– “Aceitamos a supervisão internacional. O que pedimos é simples: que o povo saharaui vote sem medo, sem exílio e sem coerção.”


3. Resistência Interna

Dentro de Marrocos, setores militares e nacionalistas se opunham a qualquer concessão, temendo perda de recursos naturais estratégicos como fosfato e potencial energético. No campo saharaui, havia grupos radicais que rejeitavam negociações, preferindo manter a luta armada.

Para reduzir a oposição:

  • O Marrocos prometeu acordos comerciais preferenciais e participação em projetos de infraestrutura para quem colaborasse no processo.

  • O Polisário lançou campanhas de informação para mostrar que a via diplomática não significava rendição.


4. O Acordo de Al-Ujun

Em 2087, foi assinado o Acordo de Al-Ujun, prevendo:

  1. Realização do referendo em dois anos, com supervisão da ONU e observadores internacionais.

  2. Retirada gradual de forças militares próximas à linha de separação.

  3. Garantia de liberdade de movimento para famílias separadas pelo muro.

  4. Criação de um Fundo Internacional para o Desenvolvimento do Saara Ocidental, financiado por doadores multilaterais.

  5. Reconhecimento mútuo de direitos culturais e identitários.

Na cerimônia, Hassan V declarou:

– “Hoje damos um passo que exige coragem. A unidade do Reino não se constrói apenas com território, mas com justiça e confiança.”

Bouazza completou:

– “Hoje mostramos ao mundo que um povo pode defender sua dignidade sem violência. A paz é a maior vitória.”


5. Um Novo Horizonte

O referendo ocorreu em 2089, com participação massiva e observação global. O resultado foi pela independência, e a República Saharaui foi reconhecida por dezenas de países em poucos meses.

Marrocos e a nova república mantiveram relações diplomáticas, estabeleceram comércio e projetos conjuntos, especialmente em energias renováveis no deserto.

O Saara Ocidental tornou-se símbolo de solução pacífica para disputas coloniais e pós-coloniais, provando que a autodeterminação e a negociação diplomática podiam superar décadas de desconfiança e conflito.

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